FITOTERAPIA CLÍNICA x MEDICINA ALOPÁTICA

Por naturices, 23/02/2025

FITOCOMPLEXO: na fitoterapia, refere-se a uma série de substâncias originadas no metabolismo do vegetal, responsáveis (em conjunto) pelos efeitos biológicos de uma planta. 

Hypericum perforatum (Erva-de-São-João)

3 situações em que o uso do fitocomplexo é superior ao uso das substâncias isoladas

  • Tomate x Licopeno
    ingerir tomates e seus derivados (como molho de tomate) reduz mais o risco de câncer de próstata do que ingerir o licopeno isoladamente
  • Cannabis sativa x Canabidiol
    a ingestão de extratos derivados da maconha é superior à ingestão de canabidiol em vários modelos animais e em humanos
  • Hypericum perforatum x Hipericina
    a ingestão de extratos padronizados de Hypericum perforatum (Erva-de-São-João) é superior à ingestão de hipericina no tratamento da depressão em humanos

    Características

FITOCOMPLEXO: totalidade de princípios ativos da planta 

  • atividade mais intensa
  • sinergia entre os compostos
  • efeitos cumulativos
  • menor toxicidade
  • útil em doenças de causas multifatoriais e com respostas variáveis

REMÉDIO CONVENCIONAL: compostos isolados extraídos de uma planta medicinal. 

  • perda de efetividade
  • resultado imediato
  • efeitos colaterais
  • mais simples estudar uma molécula isolada
  • útil para amenizar sintomas de dor

A medicina moderna advoga que o medicamento ideal deve agir em um alvo específico, como uma enzima ou um receptor. Estudantes de medicina são ensinados a usar esta abordagem, encorajada pela indústria farmacêutica, porque é muito mais simples estudar a ação, as interações e os efeitos adversos de uma molécula isolada. 

A abordagem fitoterápica trabalha com um grande número de compostos químicos presentes nos extratos vegetais. Doenças complexas, com causas multifatoriais, ou com elevados índices de resistência ou ainda com respostas variáveis ao tratamento, são geralmente tratadas usando combinações de diferentes drogas. Exemplos: hipertensão arterial sistêmica, aterosclerose, diabetes mellitus tipo 2, tuberculose, câncer, infecções por microrganismos multirresistentes, insuficiência cardíaca e choque séptico. Uma mistura de compostos químicos teria maior atividade biológica do que uma molécula única, pois poderia atingir múltiplos alvos.

Outra vantagem do fitocomplexo é que cada um dos compostos está em concentração muito menor do que seria necessário se a substância fosse isolada. Isso contribui para um menor risco de toxicidade.

Desafios atuais da fitoterapia:

  • falta de pesquisa científica
    Uma pesquisa recente envolvendo aproximadamente 1000 medicamentos fitoterápicos, somente 156 possuíam estudos clínicos de alta qualidade embasando sua utilização em seres humanos.
  • falta de padronização
    Diversos fatores influenciam a concentração de compostos em uma planta. Portanto, pode haver variação na atividade biológica de plantas de diferentes lotes, que foram cultivadas em diferentes condições de solo e clima, que foram submetidos a diferentes métodos de extração, etc.
  • falta de legislação
    As indicações e a posologia de produtos de origem vegetal varia entre as nações e continentes, de acordo com aspectos culturais e socioeconômicos.

Isso tudo para dizer que, como estudante de fitoterapia, eu não condeno a medicina alopática (os remédios convencionais, de compostos isolados). Eles salvam vidas. 

NOTA:

Este post tem o intuito de mostrar as características de cada tipo de medicina, pois a medicina naturopática pode ser complementar em muitos tratamentos realizados através da medicina alopática.

Na prática: se você chegar ao pronto-socorro com o braço quebrado, urrando de dor, é óbvio que um analgésico na veia vai acabar com o sofrimento em poucos minutos. Mas os tratamentos sempre serão bem sucedidos com o acompanhamento de um naturopata e/ou fitoterapeuta. Seus orgãos irão agradecer!

O conteúdo deste blog é científico e acadêmico, extraído do meu Curso de Fitoterapia Aplicada oferecido pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (FMRP-USP), em parceria com a Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP) e o programa Farmácia da Natureza, com apoio do Ministério da Saúde
🎓Coordenação: Prof. Dr. Fabio Carmona